quinta-feira, 5 de agosto de 2010

UMA LEITURA ACERCA DO PARADIGMA EMERGENTE


Nesse texto, pretende-se demonstrar uma leitura acerca do paradigma emergente no pensamento de Marilda Aparecida Berhres na obra: O Paradigma Emergente e a Prática Pedagógica. Conseqüentemente, mira-se a reflexão sobre o conceito e os tipos de paradigma. Por isso, tocaremos nos dois pontos seguintes: (1) os paradigmas da ciência e a influência na sociedade e na educação (Paradigma Newtoniano-Cartesiano); (2) classificação dos paradigmas (os conservadores e os Inovadores).

Palavras-chave: Paradigma Emergente. Prática Pedagógica. Projeto Pedagógico.



INTRODUÇÃO

Marilda Aparecida Berhres na configuração da obra (O Paradigma Emergente e a Prática Pedagógica) dividi-a, basicamente, em cinco partes: 1) os paradigmas da ciência; 2) paradigmas da ciência que levam á reprodução do conhecimento; 3) os paradigmas renovadores na ciência; 3) a prática pedagógica no paradigma emergente; 5) desafios para uma prática pedagógica emergente. Entretanto, faremos uma divisão um pouco diferente, mas sem perder o essencial na obra da autora. Nossa divisão será apresentada ao longo do texto e, mais exatamente, no anexo (no final do nosso trabalho).


1 – OS PARADIGMAS DA CIÊNCIA E A INFLUÊNCIA NA SOCIEDADE E NA EDUCAÇÃO

Pensar na Educação implica refletir sobre os paradigmas que caracterizaram o século XX e sobre a projeção das mudanças paradigmáticas no século XXI (Behrens, 2003, p. 17).
O século XX manteve a tendência do século XIX, fortemente influenciado pelo paradigma cartesiano -newtoniano . Este paradigma se caracterizou como uma trajetória necessária no processo evolutivo do pensamento humano e apresenta uma epistemologia reducionista que fragmentou tanto a nossa realidade externa como interna, a dimensão interpressoal e a psíquica. Com o conhecimento fragmentado (dividido) isolou o homem das emoções que a razão desconhece e, com isso, ele passou a viver na crise (Behrens, 2003, p. 17-23).
Na educação, o conhecimento fragmentado (gerador da crise) levou os professores e os alunos a processos que se restringem à reprodução do conhecimento (metodologias voltadas á cópias e os alunos permanecem organizados nas carteiras, dividos por filas, em silêncio, passivamente). Para Mores, isto submeteu a escola a um controle rígido, com um sistema autoritário e dogmático (Behrens, 2003, p. 24).
Para propor uma mudança paradigmática torna-se necessário especificar o que se entende pelo conceito de paradigma: Weil (1991) apresenta-o como exemplo, modelo ou padrão. Para Khun (1996) constitui a constelação de crenças, valores e técnicas partilhadas pelos membros de uma comunidade científica, que estabelece uma visão de mundo. Diversos autores (tais como: Mores, Capra, Cardoso) preocupados em definir paradigma se reportam ao Khun. Com a contribuição desses autores para o entendimento do termo, cabe lembrar que a superação de um paradigma científico não o invalida, mas evidência que seus pressupostos e determinantes não correspondem mais às novas exigências históricas. A passagem para um novo paradigma é um processo que vai crescendo, se construindo e se legitimando (Behrens, 2003, p. 26-28).

1.1 - Do Paradigma Newtoniano e Cartesiano

1.1.1 - A Crise
Os últimos cinqüenta anos têm-se caracterizado por um progresso científico e tecnológico (influenciado pelo paradigma newtoniano e cartesiano) sem precedentes na história da humanidade. Nesse processo instala-se a crise: o homem passou a destruir a terra e, em especial, a si mesmo e, conseqüentemente, seus semelhantes. É uma crise de dimensão planetária, advinda de um paradigma que permitiu a separação, a divisão e a fragmentação, levando a uma visão mecanicista do mundo. Em fim, a sociedade tem-se caracterizado pela desigualdade e pelo desrespeito ao ser humano (Behrens, 2003, p. 28-30).

1.1.2 - A Ruptura
A transmissão paradigmática gerada pela crise leva um número expressivo de cientista e intelectuais a buscarem referências que possam romper com a visão racionalista-tecnicista. Porém, a ruptura de um paradigma decorre da existência de um conjunto de problemas na ciência, que não consegue solucionar (Behrens, 2003, p. 31).
O pensamento newtoniano-cartesiano começa a perder força, a partir de estudos da ciência, na afirmação de um sistema em evolução. Disto segue-se algumas teorias: 1) a teora evolucionista (Lamarck e Darwin); 2) a teoria da relatividade (Einstein); 3) teoria quântica (Max Planck); 4) a teoria das estruturas dissipativas (Prigorine); 5) a teoria sistêmica. Essas teorias inovadoras desenvolvidas pelos cientistas e intelectuais desde o início do século XX provocaram uma grande guinada na ciência, porque tem em comum o pressuposto de superar e desacreditar nas supostas verdades absolutas e inquestionáveis do pensamento newtoniano-cartesiano e a busca de um pensamento sistêmico e contextualizado que priorize o todo (Behrens, 2003, p. 31-40).
Em fim, o processo de transformação nessa passagem paradigmática tem influenciado significativamente os profissionais de todas as áreas do conhecimento. O desafio que se impõe é buscar a influência desse novo paradigma no processo educativo, nas propostas pedagógicas e no fazer docente. (Behrens, 2003, p. 40).
Os paradigmas da ciência afetam toda a sociedade e, principalmente, a educação. A sociedade sofreu nestas últimas décadas uma profunda transformação, pois é caracterizada como “Sociedade de Produção em Massa”. Numa sociedade dessa característica a prática pedagógica, desenvolvida pelos professores, leva à reprodução do conhecimento, á repetição e a uma visão mecanicista do ensino e da aprendizagem. Disto segue-se, para fins didáticos, classificar os paradigmas, na educação, em: conservadores e inovadores (Behrens, 2003, p. 41-42).


Referência

BEHRENS, Marilda Aparecida. O Paradigma Emergente e a Prática Pedagógica. Curitiba - Pr: Universitária Champagnat, 2003.


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